Paredes de Coura é um festival de emoções. É onde o rio corre entre as árvores verdejantes numa vila pacata e que poucos conheciam há três décadas atrás. É um festival feito por um grupo de amigos que adora música e preza a amizade. Passou de uma mostra de música moderna de entrada livre para centenas de pessoas para um festival de dezenas de milhares de pessoas que passou a figurar no calendário internacional.
Longe vão os tempos em que o Jó, o João, o Filipe e o Coli colavam cartazes nas paredes, percorriam o país de carro para entregar bilhetes nas lojas e não faziam ideia, no próprio dia, quantos tinham vendido. Longe vão os tempos em que milhares se amontoavam na estação de comboio de Valença sem saber como chegar à música que estava ali tão perto como distante. Longe vão os tempos, também, em que bandas como os National ou os LCD Soundsystem tocavam em pequenos clubes de Nova Iorque.
O festival que foi crescendo sustentadamente, entre dias de sol e de muita chuva, entre o desânimo e muita alegria. A vila marcadamente rural que os viu crescer acolheu uma multidão de braços abertos e sem os receios que existiram em Woodstock ou Glastonbury, como se vê no filme de Julien Temple sobre o festival (Glastonbury 2006). Os tempos eram outros, é certo, mas o rock ao vivo chegou também muito mais tarde a um Portugal que só era democrático há 15 anos.
Neste documentário contam-se histórias. Liga-se o público à vila e à música, mostram-se bastidores, backstage e o ambiente que se foi vivendo nos últimos trinta anos.Veremos imagens e sensações captadas pelo público, pelas bandas, organizadores e pelo próprio realizador.
Neste filme cheio de música, contaremos histórias conhecidas mas também inéditas, mostraremos imagens que nunca ninguém viu, percorreremos os lugares da memória transportando-nos para o presente e para o futuro de um festival que nunca podia existir apenas virtualmente. Paredes de Coura é sensível ao toque humano como o rock que por ali passa. Até porque, desde há muitos anos, que não se programa nada que não se ouça em casa.